Se você não sabe por onde começar para rodar Linux e Windows no seu computador, este tutorial é certo pra você. Ter dois sistemas simultaneamente na sua máquina é útil se você quiser experimentar o Linux sem abandonar de vez o Windows. Assim, quem está se iniciando no sistema operacional do pingüim pode manter o bom e velho Windows instalado para matar as saudades dos joguinhos ou pedir socorro aos programas já conhecidos quando algo não funcionar no Linux.
Outra justificativa é ter acesso a diferentes versões de um mesmo sistema. Podem ser várias distribuições do Linux ou edições diferentes do Windows – algo muito popular entre programadores, que precisam testar seus softwares em vários ambientes, professores, que têm que ver o mesmo que o aluno, e até jornalistas especializados em tecnologia. Se você quiser experimentar o novo Windows Vista, por exemplo, poderá recorrer ao multi-boot para fazê-lo sem eliminar de vez o XP.
Multi-boot
Para um computador poder rodar mais de um sistema operacional a partir de seu disco rígido é preciso que ele seja multi-boot. Embora muita gente associe o termo “boot” apenas àqueles momentos em que precisamos reiniciar (ou “bootar”) um computador travado e, portanto, à vontade de dar um chute nele, a expressão se aplica a toda vez que o sistema operacional é carregado. O processo de boot é justamente isso: o carregamento do sistema operacional logo que o micro é ligado ou reiniciado.
A origem da palavra também é bem mais poética: remete a uma história do fictício Barão de Münchhausen em que o personagem teria se salvado do afogamento (ou escalado uma montanha, segundo outras fontes) puxando a si próprio pelos cadarços das botas – bootstraps, em inglês. Um bootstrap loader é, portanto, um programa que carrega a si próprio, pois não havia nada rodando antes dele.
Em alguns casos, existem alternativas como os LiveCDs/DVDs – CD-ROMs que já trazem um sistema (quase sempre Linux) pré-instalado e permitem o boot a partir deles, sem interferir no disco rígido – e o uso de máquinas virtuais para rodar outros sistemas operacionais dentro de janelas do sistema principal. Só que a primeira opção fica limitada pela capacidade dos disquinhos óticos e a última, pelo desempenho do PC.
Dividir para conquistar
Quando instalamos um HD novo no micro, geralmente temos que particioná-lo antes de poder formatar o disco para ser usado. De modo geral, as pessoas acabam optando por uma única partição que ocupe todo o espaço do disco, mas para falar de multi-boot é preciso saber que um disco também pode ser particionado em até quatro unidades. É possível ter os “drives” C, D, E e F todos no mesmo disco físico, por exemplo.
Embora seja possível, se os sistemas de arquivos forem compatíveis, instalar mais de um sistema operacional em uma mesma área do disco rígido, a maneira mais segura e fácil de administrar é, sem dúvida, dedicar uma partição para cada sistema. Num PC que já tenha um sistema instalado, isso provavelmente exigirá o uso de um programa particionador como o Partition Magic ou o Partition Commander, capazes de subdividir a partição original sem a necessidade de se instalar tudo do zero. Pena que nenhum dos dois é gratuito. O Partition Magic custa US$ 70, Partition Commander US$ 50. Há também a opção do Disk Director, que custa US$ 50.
Se estivermos falando de uma instalação “limpa”, o melhor é já pensar nisso antes de começar a instalar o primeiro sistema operacional. O ideal é dedicar a partição primária exclusivamente ao gerenciador de boot, deixando-a com umas poucas centenas de megabytes de espaço e formatando-a com um sistema de arquivos dos mais compatíveis, como o FAT, e criar uma outra partição de bom tamanho para cada sistema que se pretenda instalar. No caso do Linux, você também deverá precisar de uma outra partição pequena para o swap, espécie de arquivo temporário do sistema.
Já se você for instalar duas versões do Windows, pode optar por ter uma terceira partição que ambos usarão para armazenamento. Os programas terão que ser instalados uma vez em cada Windows, mas se você realizar a segunda instalação por cima da primeira, no mesmo lugar, não será preciso manter duas cópias de cada programa. Só tome cuidado com os sistemas de arquivos: o Windows 95 e anteriores (exceto os da linha NT, claro) não suportam o padrão NTFS, exigindo partições FAT.
Ordem dos fatores altera o produto
Um multiboot 100% Windows é relativamente simples de obter, principalmente se for possível instalar sempre o sistema operacional mais recente depois do mais antigo. E, na dúvida, ainda se pode seguir o guia disponível no site da Microsoft. O problema, para a maioria das pessoas, é quando o objetivo é um computador capaz de rodar Windows e Linux. Nesse caso, o melhor é apelar para o LILO!
Não, não estamos falando da personagem do desenho animado, mas do LInux Loader, um dos mais populares gerenciadores de boot entre a turma do Linux, junto com o GRUB, ou Grand Unified Bootloader. O LILO pode ser instalado tanto na área chamada de MBR (Master Boot Record) do HD quanto na partição primária, permite bootar “outros” sistemas operacionais e é fácil de reinstalar quando um deles o danifica.
Este é um aspecto importante do multi-boot: de modo geral, quando instalamos uma distribuição de Linux em um disco que já continha o Windows, o LILO prontamente assume o controle do boot e passa a oferecer as duas opções de sistema. Já quando instalamos o Windows depois do Linux, a “tendência” natural é detonar o processo de boot do outro sistema, exigindo a reinstalação do LILO. Em outras palavras, é mais fácil instalar primeiro o Windows e depois o Linux.
Opções comerciais
Existem, também, as soluções comerciais de gerenciamento de boot. É o caso do System Commander, da V-Com, que transforma os feiosos menus de boot em telas gráficas com direito até a foto da caixa dos principais sistemas operacionais – no total, ele suporta 11 versões do Windows, 8 diferentes DOS, 14 tipos de Unix (incluindo todos os Linux e mais 7 sistemas alternativos).
O programa ainda tem um assistente de instalação que prepara o micro para receber um novo sistema operacional e inclui o Partition Commander mencionado lá em cima, um utilitário capaz de redimensionar, dividir e fundir partições sem precisar formatar nada – até “undo”, para desfazer a última operação de particionamento, ele tem. Seu único problema é o preço: cerca de US$ 70.
Para escolher entre os sistemas, na inicialização da máquina aparece um menu. Nos mais simples é só texto. Nos mais sofisticados, ícones. Um sistema como o Windows XP ocupa uns 10 GB. O Linux tem versões que ocupam bem menos e que podem rodar a partir de um CD. Mas é bom ressaltar que o computador não rodará os dois sistemas ao mesmo tempo, então não haverá novas exigências em termos de hardware.
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